segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
And the Oscar goes to...
O tapete vermelho mais esperado do ano foi estendido, todos os olofortes da moda estavam apontados para a 84ª premiação da academia, ou melhor, para a grande entrada. As estrelas da noite do Óscar 2012 desfilaram, cada uma a seu modo, apresentaram suas melhores apostas para a grande cerimônia anual. Pudemos observar os vestidos dos melhores estilistas mundiais atravessarem o Red Carpet com todo o requinte, mas o brilho infelizmente ficou reservado a poucas. Podemos dizer que não foi o suficiente, ficamos a desejar, principalmente depois de acompanharmos os desfiles mundiais na Fashion Week - Spring/Summer 2012, onde propostas estonteantes, ousadia e versatilidade, o verdadeiro Glamour passou diante de nossos olhos. Muitas celebridades escolheram o seguro branco ou preto, entretanto esta não é uma simples ocasião, numa estação que nos permite explorar muito mais dos detalhes, cores e cortes de tecido, do que aquilo que foi visto nesta noite, optar pelo simples é mais perigoso que do que propriamente "arriscar".
Não é difícil identificar nossas preferências, podemos dizer até que Angelina Jolie foi injusta com as outras concorrentes, vestindo um Versace preto, com uma magnífica fenda revelando todo o comprimento de sua perna, simplesmente fabuloso, conquistou a maior parte das atenções. Gwyneth Paltrow, em um Tom Ford branco, foi muito bem sucedida. Jennifer Lopez, acertou em cheio com um Zuhair Murad, que valorizou ainda mais seu maravilhoso corpo. Emma Stone, em um Giambattista Valli, pode-se dizer, o melhor "vermelho" visto nesta noite, Stacy Keibler com um dourado Marchesa, chamou a atenção e foi seguramente uma excelente escolha. Shailene Woodley, num Valentino branco, também fez jus a sua presença. Até mesmo a atriz Octavia Spencer, vestindo Tadashi Shoji, não ficou para trás na elegância mesmo sendo uma "plus size".
Com isso, podemos dizer que ficamos desapontados, não foi a melhor cerimônia do Óscar vista ultimamente, nem fizeram-se notar o luxo e exuberância pertinetes a ocasião. Porém, para o nosso contentamento, tanto na "The 2012 Vanity Fair Oscar Party", no hotel Sunset Tower, como no evento beneficente "The 20th annual Elton John AIDS Foundation Academy Awards Viewing Party", no Pacific Design Center, as estrelas mostraram que são capazes, os dois eventos deram continuidade a grande noite.
Cristóbal Balenciaga - O Arquiteto da Moda
Cristóbal Balenciaga Eizaguirre, nasceu em Getaria (região Basca de Espanha), 21 de janeiro de 1895. Começou o ofício ao lado de sua mãe, Martina Eizaguirre, que trabalhava como costureira para a Marquesa da Casa Torres (conhecida por seu gosto requintado e uma vasta coleção de vestidos vindos das melhores casas de moda de Paris e Londres) e outras famílias bem sucedidas da região, o jovem Cristóbal teve contanto ainda cedo com estilo de vida refinado da elite europeia. Em seguida passa por aprendizado na Casa Gómez e New England, famosos estabelecimentos de costura na época. Começa a trabalhar nos Grandes Almacenes Au Louvre em San Sebastián (Espanha) e em apenas dois anos é nomeado chefe de costura. Também trabalhou em Bordeaux (França), para a loja de amigos alfaiates.
Em 1917, abre sua própria casa em San Sebastián, na rua Vergara, nº 2, sob o nome de C. Balenciaga. Em 1918, forma parceria com as irmãs Benita e Daniela Lizaso, sob o nome Balenciaga y Compañía por um período de seis anos permanecendo no mesmo endereço. Em 1924, depois de sua dissolução, Balenciaga define-se por conta própria na Avenida de la Libertad, nº 2, sob o nome de Cristóbal Balenciaga. A rainha Maria Cristina e Infanta Isabel Alfonsa tornam-se suas clientes, bem como, outras senhoras da família real espanhola. Em 1927, funda Eisa Costura, dedicado à costura tradicional de qualidade.

Com a eclosão da Guerra Civil Espanhola em 1936, Balenciaga deixa o país e se estabelece em Paris, suspendendo as atividades regulares das casas em San Sebastián, Madrid e Barcelona. Em julho, cria a BALENCIAGA, em parceria com Nicolás Bizcarrondo e d'Wladzio Attainville. No dia 5 de Agosto, apresenta sua primeira coleção de alta costura com grande êxito, na Avenida George V, nº 10, em Paris. Seus antigos estabelecimentos passam a adotar o novo nome respectivamente com o final da guerra civil.

No final da Segunda Guerra Mundial (1945), Balenciaga fez parte do "Théâtre de la Mode", uma exposição itinerante de bonecas do tamanho de manequins, vestidos de alta costura pelos melhores designers de Paris. A exposição viaja pela Europa e América em um esforço conjunto que visa afirmar o papel de Paris como o centro internacional da moda.


- 1959. Ternos apresentam casacos curtos e cinturas altas. A linha Império é destaque em roupas de noite.
- 1960. Desenha o vestido de noiva para Fabiola de Mora y Aragón, neta da Marquesa de Casa Torres e futura rainha da Bélgica.
- 1963. Apresenta uma gama de "casual wear" elegante e surpreende o público com o lançamento da primeira linha de botas de Alta Costura, desenhadas por Mancini. Apresenta cada vez mais formas puras e mais abstrata. Jornalistas e clientes aplaudiram a coleção por sua excelência e originalidade.
- 1968. Desenha modelos de uniformes para as aeromoças da Air France. Apresenta sua última coleção na Primavera e anuncia aposentadoria e fechando as casas em Paris, Madrid, Barcelona e San Sebastián. Balenciaga deixa a Alta Costura após cinquenta anos de dedicação ao seu ofício.
- 1972. Desenhou o vestido de noiva para María del Carmen Martínez-Bordiú, neta de Francisco Franco e futura Duquesa de Cádiz. Morreu em Jávea (Alicante/Espanha), em 24 de Março e é enterrado no pequeno cemitério em sua cidade natal de Getaria.

Para Diana Vreeland, a inspiração de Cristobal vinha de dançarinas de flamenco, touradas, roupas de pescadores, dos mosteiros... “Balenciaga: Mestre Espanhol” levou em consideração as influências de grandes artistas espanhóis, desde Zurbarán e Goya até Picasso, Sorolla e Miró, e também a religião espanhola, sua história com a realeza, trajes regionais, danças típicas e o poder e esplendor das touradas.
A exposição foi concebida por Oscar de La Renta, que trabalhou lado a lado com o time da exposição para desenvolvê-la e realizá-la com sucesso. O curador é Hamish Bowles, editor da Vogue Europa e também curador da exposição “Jacqueline Kennedy: The White House Years”.
Cristóbal Balenciaga é um dos grandes responsáveis pela influência espanhola na moda. Com a curadoria de Miren Arzalluz, a Balenciaga Foundation é uma dica valiosa para os amantes e estudiosos da moda. O instituto consegue traçar com maestria, características históricas e sociais de um dos maiores mestres de alta costura do século que previsivelmente, mudou o cenário da moda francesa com o grande sucesso de sua primeira coleção feita em Paris.
Os loucos anos vinte rugiram novamente, Podemos observar na temporada da semana da moda, Primavera/Verão - 2012, formas que vão de "Dries" para "Raf riffed", em clássicos de Balenciaga de 1950, repletos de volume, linhas arredondadas, ousadia e irreverência. Falando em forma, a barriga exposta tornou-se nova zona erógena da moda. A obra de Cristobal Balenciaga apenas continua a dar, e não apenas para Nicolas Ghesquière. As formas dos "Fifties" dominaram o cenário de Paris, com Dries Van Noten, mostrando silhuetas esculturais e Phoebe Philo - Celine, acrescentando "peplums" ou "bascos", como ela particularmente os nomeou . Em Milão, Raf Simons apresentou sua última coleção de Alta Costura em sua trilogia para Jil Sander.
Marlene Dietrich foi uma de suas clientes mais habituais, disse que Balenciaga conhecia tão bem suas medidas que nunca foi preciso fazer prova e nem um ajuste em suas peças. Também vestiu Greta Garbo, Rainha Fabiola de Bélgica, Grace Kelly, Duquesa de Cádiz, Duquesa de Westminster, Teresa Berganza e fez até calças para o ator Yul Brinner.
Mona von Bismarck, era uma socialite americana e ícone da moda. Foi nomeada para o Hall da Fama como a mulher mais bem vestida internacionalmente em 1958. A maior compradora de alta-costura de todos os tempos, usava Balenciaga até para regar as plantas. Quando Cristobal Balenciaga fechou seu atelier em 1968, Diana Vreeland, brincou que Mona não deixou seu quarto na casa de campo em Capri durante três dias.
"Ele é o único de nós que é um verdadeiro costureiro" - Coco Chanel
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Tendências e Inspirações - Primavera/Verão 2012
A Pantone Inc., fundada em 1962 em New Jersey, Estados Unidos, é famosa pela “Escala de Cores Pantone” ("Pantone Matching System" ou PMS), o sistema de cor mais utilizado no mundo, por uma variedade de indústrias especialmente a indústria gráfica. Conhecida e apreciada por estar sempre à frente nas pesquisas de cores e pigmentos e pela fidelidade da cor na hora do impresso. São estas as tabelas de cores para esta estação.
Dividimos a tabela em quatro grupos que seguem abaixo:
- Um grupo mais high tech, onde branco e preto imperam até chegarem nos metalizados. Texturas monocromáticas e combinações pálidas aparecem aqui. É o visual cidade.
- Um segundo grupo que não tem medo de ser intenso. As cores são vibrantes, alegres e vivas. As combinações são exóticas, para aqueles que não tem medo de ousar.
- Um terceiro que inspira paz e "relax", onde os tons pálidos e acinzentados imperam. Aqui os florais e os fluídos fazem a festa.
- E o quarto e último grupo, que é sustentável. Por isso tira suas cores da natureza, do terroso, do neutro, transportando a natureza para o urbano. O étnico, o rústico e o artesanal estão aqui. O visual é monocromático e de baixo contraste.
TEXTURAS
Cada vez mais, estilistas ao redor do mundo experimentam com diferentes texturas em suas criações. O mix de diferentes materiais e as aplicações diferenciadas garantem o efeito tridimensional aos looks que se tornou comum na moda contemporânea. Para o verão 2012, podemos esperar peças com aspecto molhado,crocodilo, estampas em florais, com referências tribais, vazadas a laser e muitas franjas. O artesanal, forte tendência das últimas temporadas, aparece nos trabalhos em tricô e crochê.
12 TENDÊNCIAS DE CONSUMO CRUCIAIS PARA 2012 SEGUNDO O SITE "trendwatching.com".
Em 2012, lojas de departamentos, empresas aéreas, hotéis, parques temáticos e museus, se não cidades e nações inteiras estenderão o tapete vermelho para os novos imperadores, inundando os visitantes e clientes chineses com serviços e regalias feitos sob medida para, de maneira geral, enchê-los de atenção e respeito.

Em 2012, os consumidores, além de continuar em busca de ofertas e descontos, também farão isso com prazer, ou até com orgulho. Hoje, ofertas estão relacionadas com mais do que a simples economia de dinheiro: tem que ver com a emoção, a caça, o controle e a sensação de esperteza e, portanto, é também uma fonte de status.

Será que as moedas e notas de dinheiro vão desaparecer completamente em 2012? Não. Mas um futuro sem dinheiro vivo (finalmente) está de fato chegando, na medida em que grandes marcas como MasterCard e Google trabalham para construir um ecossistema todo novo de pagamentos, recompensas e ofertas que giram em torno das novas tecnologias móveis.

Qualquer coisa que faça com que seja absolutamente simples – ou que não exija esforço nenhum – para que os consumidores contribuam com alguma coisa vai fazer mais sucesso do que nunca em 2012. Devido à disseminação de sensores cada vez mais inteligentes nos telefones móveis, as pessoas serão capazes de – e estarão cada vez mais dispostas a – difundir informações a respeito de onde estão e do que estão fazendo, para ajudar a aprimorar produtos e serviços.

Porque, para os consumidores, as marcas que se comportarem de maneira mais humana, inclusive mostrando suas falhas, serão fantásticas.Apesar de muitas tendências estarem ligadas ao novo, sempre vale a pena lembrar que o sucesso nos negócios, no final das contas, tem mais a ver com estar alinhado com a cultura dos consumidores do que com simplesmente conhecer “novas” técnicas e tecnologias
Graças à explosão em andamento de smartphones e tablets com tela sensível ao toque e da "nuvem", 2012 verá uma SCREEN CULTURE (cultura da tela) que será, além de mais difundida, também mais pessoal, mais envolvente e mais interativa do que nunca.

Ao mesmo tempo em que as diferenças culturais continuarão a dar forma aos desejos dos consumidores, as pessoas de classe média e/ou mais jovens em quase todos os mercados vão adotar marcas que vão além dos limites convencionais. Saiba que os produtos, serviços e campanhas sinceros, arriscados ou não-corporativos de mercados emergentes estarão em alta em 2012.
Os consumidores estão acostumados a ser capazes de encontrar praticamente qualquer coisa que esteja online ou que tenha base em texto, mas 2012 trará gratificação instantânea de informação visual ao mundo real com objetos e até pessoas.
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
Semana da moda 2012 - Primavera/Verão
Confiram os vídeo-resumos, dos últimos desfiles da "Semana da Moda" (Fashion Week), nas principais passarelas mundiais.
Paris: Primavera/Verão - 2012
Milão: Primavera/Verão - 2012
Nova York: Primavera/Verão - 2012
Londres: Primavera/Verão - 2012
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
Alta Costura
Alta Costura ou melhor, Haute Couture (em francês), é o artesanato de luxo que veste mulheres da elite, por causa dos altos preços de seus tecidos, pedrarias e metais preciosos. As clientes são geralmente esposas, filhas ou outras parentes de grandes homens de negócios, políticos ou membros das altas cúpulas do Estado. Em geral famílias socialmente mais ativas que mantém um calendário mais repletos de festas, viagens, recepções e cerimônias.
Começou a existir em países onde houveram nobreza de tradição e vida de côrte, que costumavam definir os termos de refinamento, de maneiras e de exclusividade social.
As roupas do segmento de Alta Costura ou de Prêt-à-Porter (pronto a vestir) de luxo, têm como função, vestir de forma apropriada em determinadas ocasiões, promovendo a mulher, passando uma imagem elegante ou sensual demonstrando sua classe e bom gosto, como também o conhecimento de que está na moda. Essas roupas são feitas para ocasiões especiais como casamentos, bailes de formatura, cerimônias, recepções e outros eventos em que seja solicitado um traje a rigor, agregado a um valor de luxo e elegância na forma de vestir.
O vestuário é uma espécie de classificador de indivíduos, capaz de mostrar sua classe social, grupo ou mesmo estado de espírito. Segundo Durand, “as roupas são meios de comunicação; estamos transmitindo mensagens a todo tempo através da aparência do nosso corpo vestido". Podemos acrescentar também, características particulares que se destacam e influenciam a vestimenta como o clima, a ocasião e necessidade, o conforto, a identificação pessoal e opinião, a crença ou religião, a cultura e até mesmo o poder aquisitivo.
O vestuário é uma espécie de classificador de indivíduos, capaz de mostrar sua classe social, grupo ou mesmo estado de espírito. Segundo Durand, “as roupas são meios de comunicação; estamos transmitindo mensagens a todo tempo através da aparência do nosso corpo vestido". Podemos acrescentar também, características particulares que se destacam e influenciam a vestimenta como o clima, a ocasião e necessidade, o conforto, a identificação pessoal e opinião, a crença ou religião, a cultura e até mesmo o poder aquisitivo.
Ao longo de toda história, desde o antigo Egito (onde o Faraó usava pedras preciosas ostentadas em seus trajes de cor lápis-lazúli, a nobreza usava trajes com mais tecidos e os escravos se apresentavam quase sem roupa), as sociedades lidam com certos tipos de proibições impostas por seus líderes. Uma delas é a "Lei Suntuária". Segundo o Dicionário Jurídico da O.A.B., "Lei que, em caráter excepcional, o governo promulga em época de crise, para restringir o luxo e os gastos imoderados".
Tradicionalmente, é uma lei que regulava e reforçava as hierarquias sociais e os valores morais através de restrições quanto ao gasto com roupa, alimento e bens de luxo. Na maioria das épocas e lugares, foram ineficazes, tentavam regular a balança comercial ao limitar o mercado de bens importados e caros, mas também eram um jeito fácil de identificar o nível social e privilégios, sendo frequentemente usadas para fins de discriminação social, sendo a primeira delas escrita na Grécia antiga.Com a Revolução Francesa (1789–1799), derrubaram-se as Leis Suntuárias, onde a monarquia perde o direito absoluto de usar determinadas cores e tecidos. A Alta Costura começa portanto a dar os primeiros sinais de vida mas ainda sem ser nomeada, permitindo também a mulheres da alta burguesia (que acabavam por se misturar com a nobreza através do casamento, frequentando os mesmos lugares e até os mesmos costureiros), serem incluídas. Também se vestiram e se vestem ainda com todo o requinte, mulheres que circulam na alta sociedade sem o respaldo familiar, fazendo valer socialmente o encanto de um belo rosto ou de um corpo atraente. Conhecidas como “Cocottes”, amantes de um ou mais homens poderosos, cuja riqueza e poder, exprimiam em um visual de alto impacto e poder de sedução.
No século XIX as senhoras dos clãs tendiam a usar roupas mais discretas, chamado luxo distinto. Atrizes e cocottes eram as “cobaias dos laboratórios” da Alta Costura de vanguarda, aquelas clientes que mais permitiam ao costureiro soltar a imaginação, afinal de contas, sua existência social dependia de se fazerem notar, e daí, sua preferência por roupas mais chamativas.
A denominação Alta Costura é juridicamente protegida e dela só podem utilizar as empresas que figuram em uma lista estabelecida a cada ano por uma comissão de ministros. É restrito a um número controladíssimo de profissionais, que são regidos pela Chambre Syndical de la Haute Couture (Câmara Sindical da Alta Costura, que existe desde 1868), que por sua vez, é parte da Fédération Française de la Couture, du Prêt-à-Porter e des Créateurs de Mode (Federação Francesa da Costura, do Pronto para Vestir e dos Criadores de Moda).
“A Alta Costura é uma patente, um patrimônio cultural parisiense, e só podem intitular-se assim as Maisons (casas) que respeitam uma série de normas, entre elas, possuir sede em uma região específica de Paris”, complementa João Braga, professor de História da Moda. Todavia, o termo também é usado para descrever toda a produção dos grandes costureiros, seja ela produzida em Paris ou em outras capitais da moda, tais como Milão, Tóquio, Nova York, Roma e Londres.
Originalmente, o termo foi aplicado ao trabalho realizado pela Maison de Charles Frederick Worth (1825–1895), um inglês que produziu em Paris, em 1858, o primeiro desfile de moda conhecido (além disso, usando modelos, em vez de cabides... Outra novidade na época), ele também criou o conceito de coleções, lançando sucessivamente novas linhas, promovendo a mudança nas tendências e a valorização do novo. El couturier (o costureiro) e vendedor de tecidos inglês, Charles Frederick Worth, foi considerado o pai do que se conhece hoje por "Alta Costura". Nasceu em Bourne, Lincolnshire, Inglaterra e deixou sua pegada na indústria da moda francesa ao revolucionar a forma com que era vista a indústria de vestir. Worth, criou a figura do desenhista de moda. Seguindo seus passos estiveram Callot Soeurs, Patou, Poiret, Vionnet, Fortuny, Lanvin, Chanel, Mainbocher, Schiaparelli, Balenciaga, Dior e alguns outros.
Até meados do século passado, as roupas femininas eram feitas por artesãos, simples executantes, conformados em satisfazer as idéias, preferências ou caprichosos de suas senhoras e clientes. Worth por sua vez, começou a mudar essa ideia impondo sua experiência e conhecimento de tecidos, aliado a ousadia e seu extremo bom gosto.
Nos anos 60, um grupo de jovens desenhistas e aprendizes de costureiros, deixaram as antigas casas onde trabalhavam, para abrirem seus próprios estabelecimentos. Dentre eles, assim como Dior e Balenciaga, os que mais tiveram êxito foram, Yves Saint Laurent, Pierre Cardin, André Courrèges e Emanuel Ungaro. Hanae Mori, uma japonesa radicada em Paris, também conheceu o sucesso ao criar sua própria linha. Lacroix é talvez a casa de moda que mais teve êxito dentre todas que abriram no final do século XX. Outras delas, podemos citar Jean-Paul Gaultier e Thierry Mugler. Também nesta década, um agito tumultuou as normas da moda, artistas de rock, atrizes e os hippies, deram margem a internacionalização da moda. As viagens aéreas, trouxeram ao público alvo, a facilidade de poderem comprar roupas da mesma forma e qualidade tanto em Nova York como Paris. As mulheres ricas não sentiam mais que a moda de Paris era necessariamente melhor do que outras partes. Assim, apesar de Paris ainda ser importante no mundo da moda, deixara de ser seu único árbitro.
No caso da alta costura, um dos maiores objetivos é dar a maior visibilidade possível a Paris como a capital mundial da moda. E para isso, vários esforços e um plano de ação vem sendo implementado, com apoio governamental, em meio a um espaço altamente competitivo.
Para a economia francesa, não é prioritariamente importante a venda dos produtos em si, mas sim, da imagem do país e da capital, que gera uma infinidade de negócios paralelos aliados a fama de "elegância com criatividade". Acessórios e cosméticos, como bolsas, sapatos, bijuterias, perfumes e maquiagem, são o que dão sustentabilidade a esse negócio.
As roupas desfiladas, se do agrado da clientela, são reproduzidas sob medida e com número restrito de exemplares a preços exorbitantes. Mas, a grande sacada da alta costura, ainda é ser incompreendida pelo grande público. Via de regra, são nestes desfiles que aparecem os resultados das pesquisas de laboratório, de novas fibras, texturas, acabamentos e garantem a sobrevivência de um grupo de artesãos, altamente qualificados, para fazer o contraponto com a produção massificada e industrializada. São nestes desfiles que a chama do desejo de um produto quase inatingível se renova.
A Federação de Moda Francesa, para não ver o seu espaço minguar na mídia, já há algumas temporadas tem recebido "membros corrrespondentes" de outra praças, como Valentino e Giorgio Armani, ambos de Itália. Mas os holofotes, até agora, foram para um outro nome: Elie Saab, do Líbano. Em seu atelier (oficina) em Beirute, são produzidos vestidos para princesas dos Emirados Árabes. Uma de suas mais famosas clientes é a elegante Rainha Rânia da Jordânia, além é claro, de nomes estrelados como Catherine Zeta-Jones, Beyoncé e Halle Berry. Por outro lado, a alta costura tem no Oriente Médio uma clientela cativa e contiua a conquistar olhares adimirados e o fascínio de todos por todo o mundo.
“A Alta Costura é composta de segredos cochichados de geração a geração” Yves Saint-Laurent.
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